“Nuestro norte es el sur”
- Gabriela Pegorini

- 12 de jan.
- 2 min de leitura
Uma vez, Joaquim Torres Garcia sonhou com uma mapa no qual, o Sul estivesse no topo. O mundo visto de cima, não existe um abaixo ou acima. Concordo com o artista urugaio, o Sul é nosso norte. Em recente visita na ESTE Art, feira uruguaia que acontece na mágica José Ignacio, percebemos como é lindo, relevante e urgente ressaltarmos a nossa produção sul americana. Mesmo que a arte ali seja acima de tudo, um lugar de encontro.

A feira uruguaia, deixa a desejar em expografia, mas compensa pela escolha do local: tanto o de José Ignácio como o da Bahia Vik, resort com sinônimo de luxo descomplicado e que tem a arte como hóspede principal, capitaneada por um relevante casal colecionador que devolve para o local tudo que ele proporciona.
Me chama a atenção na cultura uruguaia, o equilíbrio entre dar e receber. Todas as ações de arte são devolvidas de certa forma para essa comunidade. Muitas experiências como o Ta Khut de James Turrell, são revertidas para o entorno, incentivando e disseminando jovens artistas para impulsionarem sua carreira. A força do hiper local ganha potência.
A ESTE arte tem uma característica cozy, uma feira boutique com 15 galerias, mas com trabalhos esteticamente bonitos, assim como o público que circula no local e nos eventos paralelos. Um termômetro disso são a presença de curadores e diretores de instituições globais passando por lá.

E nossos hermanos uruguaios sabem como mesclar arte, com a gastronomia, com festa, com música. Sabem como ocupar os lugares de arte com outras atividades e áreas, sem perder o respeito, e com isso aproximar novos públicos. Criam novas situações e diálogos de forma naturalmente sofisticada.
Importante dizer que o Uruguai é um lugar livre de impostos de importação de arte. Um lugar neutro que garante um sistema seguro para colecionismo, além de artistas renomados mundialmente que impulsionam todo entorno, como Pablo Atchugarry e seu maravilhoso MACA.
Termino aqui com a reflexão, de que precisamos estreitar maiores relações do Sul com o Sul. E o Rio Grande do Sul, seria a porta de entrada cultural para alinhar estratégias de relações interculturais e potencializar, esse nosso norte! Muito para fazermos.
Ao Sul, com carinho, Gabi.
Sobre o autor
Gabriela Pregorini atua na coordenação da experiência do projeto expositivo, sendo responsável pela articulação de relações institucionais com escolas da rede pública, agentes do mercado de arte, imprensa, associações, arquitetos, grupos especiais e a comunidade em geral. Seu trabalho está na construção de pontes entre a arte e os diversos públicos, promovendo acessibilidade, diálogo e engajamento significativo com a proposta curatorial.


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